Ruínas de Troia, Turquia: a cidade para sempre oscilante entre o mito e a realidade.
Sabia que as ruínas da lendária cidade de Troia, que se encontram hoje a descoberto na colina de Hisarlik, no noroeste da Turquia, são o resultado do sonho de um rapaz?
Depois de, ainda em tenra idade, ler a Ilíada, Heinrich Schliemann não descansou enquanto não provou a veracidade das palavras de Homero. A ambição do alemão conduziu-o a uma das descobertas mais grandiosas de sempre, que lhe valeu inclusivamente o título de “pai da arqueologia”.
Troia e a famosa guerra foram, durante séculos a fio, consideradas ficção, produto da imaginação de Homero e de outros poetas da Antiguidade. Apesar de não ter sido o primeiro a colocar essa (des)crença em causa, Schliemann foi o primeiro a fazer algo para de facto desmistificar o tema.
As suas escavações, levadas a cabo entre 1871 e 1890, foram continuadas por Wilhelm Dörpfeld e, já no século XX, por uma equipa da Universidade de Cincinnati. Depois de um interregno de 50 anos, foram ainda retomadas na década de 80. E, actualmente, sabe-se que a epopeia tem o seu quê de verdade, embora o tamanho, as características da população, o estatuto comercial e o poder de Troia sejam ainda objecto de debate.
Troia teve uma história conturbada, tendo sido arrasada e reconstruída no mínimo nove vezes, antes e depois da guerra relatada por Homero. Essas várias fases da cidade são por muitos tidas como um dos mais fiéis reflexos da evolução das povoações do noroeste da Ásia Menor, do seu conhecimento, das suas actividades, do seu modo de organização.
Um dos mais célebres monumentos de Troia é o Templo de Atena, mais tarde recuperado pelos romanos. No ano 480 a.C., foi o lugar escolhido por Xerxes, o rei persa, para sacrificar mil bois antes da guerra contra os gregos. Mas é do cimo da acrópole que se usufrui da mais espectacular panorâmica das ruínas, com a planície do Escamandro, o estreito de Dardanelos, a península de Gallipoli e ainda alguns túmulos com nomes de heróis da epopeia troiana.
A guerra que deu origem à expressão “gregos e troianos”.
As duas grandes obras de Homero, a Ilíada e a Odisseia, e uma série de lendas antigas contam a história de uma guerra que durou uma década e que opôs gregos e troianos na injusta razão de dois homens para um. Tíndaro, rei da futura Esparta, prometeu protecção e auxílio ao marido da sua filha Helena, sempre que a beleza desta lhe trouxesse desavenças. E, quando Páris a raptou do seu casamento com Menelau e a levou para Troia, o rei não teve outra escolha senão reunir 100 mil homens para invadir a cidade e recuperar a princesa.
Ainda que os troianos só tenham conseguido juntar 50 mil homens, metade dos soldados gregos, a guerra prolongou-se durante anos e só terminou quando Ulisses montou o elaborado e famoso esquema do cavalo de madeira, do qual saíram os gregos para devastar Troia.