Metropolitano de Moscovo: mais de 300 quilómetros de pura beleza
Graças às suas amplas e elegantes estações, 206 no total, o Metropolitano de Moscovo ganhou – e com todo o mérito – o seu próprio lugar nos guias turísticos da cidade. É que não são apenas estações. São salas de um grandioso museu repleto de obras de arte, nas quais se incluem frescos, colunas de mármore e candelabros dignamente ornamentados. Descubra o porquê de este metropolitano ser considerado um dos mais belos do mundo.
Quando começou a ser construído, em 1931, o Metropolitano de Moscovo era visivelmente um impulso patriótico. Catorze anos após a revolução, mais do que nunca era necessário provar o valor do recém-fundado Estado Soviético. Muitos sugeriram que uma arquitetura exímia e grandiosa seria o melhor meio e Estaline concordou. Daí nasceu um verdadeiro museu subterrâneo, em que cada uma das estações (ou salas) está ornamentada como um “palácio para o povo”.
O Metro de Moscovo transporta diariamente um número de pessoas quase idêntico ao da população portuguesa, ocupando um dos primeiros lugares na lista de metropolitanos mais movimentados do mundo. Num dia de semana, mais de 9 milhões de pessoas são compensadas pelas viagens agitadas e muitas vezes “apertadas” com o esplendor artístico das 206 estações em que podem apear. Esculturas em mármore ou bronze, mosaicos ao estilo bizantino, vitrais coloridos, pinturas, relevos e frisos, cuidadosamente trabalhados pelos melhores arquitetos e artistas da época, transformam cada uma delas numa galeria de arte e fazem do Metro moscovita um ponto de paragem obrigatório para todos os que visitam a cidade.
O complexo arquitetónico foi, naturalmente, sendo alargado ao longo dos anos, pelo que a decoração e obras de arte das diferentes estações são reflexo da evolução dos tempos. É por esse motivo que percorrê-lo é também passar em revista as últimas oito décadas da história e da cultura russas. Enquanto no final dos anos 40 predominavam representações de Estaline, as mesmas foram desaparecendo depois da sua morte, em 1953, para serem substituídas por bustos, mosaicos e um painel de azulejos em tributo a Lenine, distribuídos por mais de dez estações. Um dado igualmente interessante é a profundidade de algumas zonas da linha Arbatskaya (atualmente Arbatsko-Pokrovskaya), que foram pensadas para servir de esconderijo durante a Guerra Fria, caso um conflito nuclear eclodisse.
Independentemente do contexto, o objetivo das criações foi sempre o de exaltar os heróis nacionais, as virtudes da classe trabalhadora, enfim, o de dignificar ao máximo o regime socialista. Hoje existe até uma estação especialmente dedicada a Fyodor Dostoyevsky, a Dostoevskaya, com painéis a preto e branco alusivos aos protagonistas de algumas das suas obras, entre elas O Idiota, Os Demónios, Crime e Castigo e Os Irmãos Karamazov.