As Maravilhas de Angkor III – Templo Bayon
O Templo Bayon, localizado bem no centro de Angkor Thom, partilha com Angkor Wat o título de “maravilha suprema” da região. Nunca se chegou a uma decisão sobre qual deles o mais belo e fascinante e é por esse motivo que ambos são paragens obrigatórias em qualquer visita a Angkor. Contudo, o Templo Bayon possui uma mais-valia que o coloca na dianteira: dezenas e dezenas de rostos de pedra, simpáticos e sorridentes, cravados na grande maioria das suas 37 torres. Que melhores anfitriões poderia haver para dar as boas-vindas aos visitantes?
Quatro em cada torre, voltadas para cada um dos pontos cardeais, estas caras viriam a tornar-se a grande imagem de marca da arte e da arquitectura khmer. Mas quem representam? Essa é já uma questão digna de debate. Talvez Lokesvara, bodisatva que encerra em si a compaixão de todos os Budas? Ou uma combinação entre Buda e o rei que mandou instituir o monumento na transição do século XII para o século XIII, Jayavarman VII? É algo que ninguém sabe com certeza.
Provavelmente devido à predominância de temas associados ao hinduísmo, o Templo Bayon foi desde sempre tido como um santuário dedicado a esta religião. Mas, no ano de 1925, viriam a ser encontrados nele vestígios de influências budistas. Tal é justificado pelo facto de ter existido um interregno na entrega de Jayavarman VII ao hinduísmo, algures no início do século XIII, em que o rei se converteu ao budismo maaiana.
O mais impressionante no Templo Bayon são os relevos das suas paredes exteriores, que ousam misturar cenas de batalhas com actividades no palácio real e até com problemáticas do homem comum. Com efeito, na altura em que o império atingiu o seu auge, já não era um escândalo que os súbditos aparecessem representados ao lado do seu soberano. E, neste templo em particular, soldados comandados por Jayavarman VII, princesas a prepararem-se para uma saída e nobres em plenos jogos de xadrez surgem juntamente com homens a beber licor no mercado, enquanto assistem a lutas de cães ou de galos, e mulheres a transportar mercadorias sobre a cabeça ou até mesmo a parir um filho.
Em algumas das paredes, no entanto, o que vemos são trabalhos inacabados, que remontam ao ano da morte de Jayavarman VII e do fim dos seus projectos arquitectónicos.